quarta-feira, 14 de junho de 2017

We need to talk about spending time with our families in zoos...

Tiger at Higashiyama Zoo, Nagoya, Japan (January, 2017)


By Jaqueline B. Ramos*

The force of events brings me back to this subject: why, in 2017, do we still take our families to spend a good time in zoos? I was struck by the news of the death of a keeper (one more) by one of the tigers she used to take care of at Hamerton Zoo Park in Cambridgeshire, England.

Among the similar cases reported in recent years are the deaths of a keeper in May 2013 in England; of a man after an escape of several animals at a zoo in Georgia, United States, in June 2015; of a 20-year experienced keeper at a zoo in New Zealand in September of the same year; of a keeper at a zoo in Florida, United States, in April 2016; another keeper in a Spanish zoo in July of the same year; and in the same month, a dead woman and one seriously injured in an attack at the Beijing Badaling Wildlife World, in China.

In some cases the "assassin tigers" were eventually slaughtered, and in others they were spared. All the zoo keepers were experienced professionals who had known, enjoyed and cared for the animals for years. But even that was not enough to stop the attack. The reason is that, in fact, the equation for keeping big cats (and wild animals in general) in captivity does not match.

The challenge of captivity is already enormous, with ethical dilemmas and incidents, in places known as sanctuaries, where the focus is on the welfare and conservation of species. In zoos, where one of the main objectives is to provide visitors with the experience of seeing a wild animal closely – as if this is possible - the challenges, and consequently the risks, become way too higher.

Michael Nichols, a photographer and editor of National Geographic magazine, produced, in 1996, a documentary on captive tigers in the United States, and his conclusion is still valid and very insightful even after 21 years. "There is just no way a predator can live that close to humans." 


Getting back to the initial question of my brief reflection, I highlight a comment from my seven-year-old daughter when she saw a tiger in a zoo on a "family ride" recently. "My God, why do they imprison such a creature?!" Surely it is time we pay more attention to this kind of pre-concept free impression, analyze facts and data, and review the way we relate with tigers, bears, chimpanzees, dolphins and all wild animals whom we pretend to keep well in captivity to provide us with good “Sunday afternoon walks”.

* Environmental journalist/Communications Manager of GAP Project International

Precisamos conversar sobre passeios em zoológicos...

Tigre no Higashiyama Zoo, Nagoya, Japão (janeiro 2017)


Por Jaqueline B. Ramos*

A força dos acontecimentos me faz voltar para este assunto: por que, em 2017, ainda levamos nossas famílias para passear em zoológicos? Me chamou a atenção a notícia da tratadora morta (mais uma) por um dos tigres que cuidava no Hamerton Zoo Park, em Cambridgeshire, na Inglaterra.

Entre os casos similares registrados nos últimos anos estão as mortes de uma tratadora em maio de 2013 na Inglaterra; de um homem depois de uma fuga de vários animais em um zoológico na Georgia, Estados Unidos, em junho de 2015; de um tratador com 20 anos de experiência em um zoológico na Nova Zelândia em setembro do mesmo ano; de uma tratadora em um zoológico na Flórida, Estados Unidos, em abril de 2016; de uma tratadora em um zoológico espanhol em julho do mesmo ano; e, no mesmo mês, uma mulher morta e outra gravemente ferida em um ataque no Beijing Badaling Wildlife World, na China.

Em alguns casos os “tigres assassinos” acabaram sendo abatidos, e em outros foram poupados.  Os tratadores vítimas eram profissionais experientes, que conheciam, gostavam e cuidavam dos animais há anos. Mas nem isso foi suficiente para impedir o ataque. Por que, na verdade, a conta de manter grandes felinos (e animais selvagens em geral) em cativeiro não fecha.

O desafio do cativeiro já é enorme, com direito a dilemas éticos e incidentes, em locais conhecidos como santuários, nos quais o foco é o bem-estar e a conservação das espécies. Em zoológicos, nos quais um dos objetivos principais é atender os visitantes, proporcionar para o público em geral a experiência de ver um animal selvagem de perto – se é que isso é possível -,  espera-se que os desafios, e, consequentemente, os riscos, sejam muito maiores.

Michael Nichols, fotógrafo e editor da revista National Geographic, produziu em 1996 um documentário sobretigres em cativeiro nos Estados Unidos e sua conclusão ainda é válida e muito perspicaz, mesmo passados 21 anos. “Simplesmente não tem como um predador viver tão perto de seres humanos”. 


Voltando a pergunta inicial da minha breve reflexão, destaco um comentário da minha filha de sete anos quando viu um tigre em um zoológico em um “passeio” recentemente. “Meu Deus, como prendem uma coisa dessas, gente?!” Está mais do que na hora de atentar para esse tipo de impressão mais pura e livre de preconceitos, analisar fatos e dados e rever nossa relação com tigres, ursos, chimpanzés, golfinhos e todos os animais selvagens que temos a pretensão de manter bem em cativeiro para nos proporcionar bons passeios.

*jornalista ambiental/Gerente de Comunicação do Projeto GAP Internacional