terça-feira, 4 de abril de 2017

Chimpanzé libertada por Habeas Corpus é transferida de zoológico argentino para Santuário de Grandes Primatas afiliado ao Projeto GAP, em São Paulo

Por Jaqueline B. Ramos*


Cecília entra para a história como o primeiro grande primata a ter o direito de viver em um santuário por meio de instrumento jurídico humano
04/04/2017: A data entrará na história mundial da luta pela liberdade e pelos direitos dos animais não humanos. A chimpanzé Cecília, que vivia no zoológico de Mendoza, na Argentina, chega amanhã em sua nova casa, o Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, em São Paulo, afiliado ao Projeto GAP.  É a primeira chimpanzé do mundo que está usufruindo na prática do direito de viver em um santuário, concedido por meio de um Habeas Corpus, um instrumento jurídico, até então, exclusivamente humano.

O pedido do Habeas Corpus foi feito pela ONG argentina AFADA – Associacion de Funcionarios y Abocados pelos Derechos de los Animales à Justiça do país, com argumentos que a chimpanzé é um sujeito de direito,  e não um objeto, e que se encontrava em condições de cativeiro muito ruins no zoológico. O processo correu por mais de um ano na Justiça argentina até que a Juíza Maria Alejandra Maurício, de Mendoza, concedeu o pedido e determinou a transferência de Cecília para o santuário brasileiro.

Outras tentativas de libertação de grandes primatas de cativeiros inadequados no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa por meio de um Habeas Corpus já foram e vêm sendo feitas, mas até o momento não tiveram sucesso e, por diversas razões, as transferências para os santuários não aconteceram.


Cecília tem 19 anos e é a única sobrevivente de um grupo de chimpanzés que morava no zoológico. Ela ficou sozinha depois da morte inesperada, em um curto espaço de tempo, de seus companheiros Charly e Xuxa, ficando muito depressiva. Além disso, as condições em que se encontrava eram precárias, piorando ainda mais seu estado físico e mental. No Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba, ela passará por um período de quarentena e depois será introduzida em um dos grupos dos mais de 50 chimpanzés que hoje vivem no local.

* Jornalista ambiental / Gerente de Comunicação do Projeto GAP Internacional

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